.::Estudo Sobre a Doutrina da Trindade::.



I. DEFINIÇÃO


Deus é uma Unidade, uma essência divina, existindo em Três Pessoas na Divindade, sendo essas Três: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

A Palavra Trindade não se encontra na Bíblia.

O Credo Atanasiano diz:
“Adoramos um Deus em Trindade, e Trindade em Unidade, sem confundir as Pessoas, sem separar a substância”.

Cada uma das Três Pessoas da Trindade é Deus, sendo iguais em autoridade, glória e poder. Cada uma igual às outras, merecendo o mesmo culto, a mesma devoção, a mesma confiança e fé.

II. PROVAS DA TRINDADE



  • HÁ UM SÓ DEUS VIVO E VERDADEIRO

    A Doutrina da Trindade não é uma forma de Triteísmo, ou seja, não é uma crença em três Deuses.

    “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4)
    “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor Deus dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6)
    “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3)
    “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30)
    “Crês, tu que Deus é um só? Fazes bem” (Tg 2.19)
    “Sabemos que o ídolo de si mesmo nada é no mundo, e que não há senão um só Deus” (1Co 8.4)
    “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.5,6)
    “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap 22.13)



  • DEUS EXISTE COMO TRÊS PESSOAS

    1. O Pai é Deus

    “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai...” (1Co 8.6)
    “... segundo a presciência de Deus Pai...” (1Pe 1.2)
    “... subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17)

    2. O Filho é Deus

    “Cristo, ..., o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre” (Rm 9.5)

    “Porquanto nele (Cristo) habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9)

    “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30)

    “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1)

    “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18)

    “Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28)

    “... e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as cousas, e nós também, por ele” (1Co 8.6)

    “Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre...” (Hb 1.8)

    “... estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20)

    “Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13)

    “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as cousas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas”(Ap 4.11)

    3. A Cristo são atribuídos os atributos que são designados somente à Deus:

    a) Santidade: Mc 1.24; 2Co 5.21; Jo 8.46; Hb 7.26
    b) Eternidade: Jo 1.1; 8.58; Hb 1.8; Jo 17.5
    c) Vida: Jo 1.4; 14.6; 11.25
    d) Imutabilidade: Hb 13.8; 1.11,12
    e) Onipotência: Mt 28.18; Ap 1.8
    f) Onisciência: Jo 16.30; Mt 9.4; Jo 6.64; Cl 2.3
    g) Onipresença: Mt 28.20; Ef 1.23
    h) Criação: Jo 1.3; 1.10; Cl 1.16,17; Hb 1.3
    i) Ressuscitando os mortos: Jo 5.27-29
    j) Oração e devoção devem ser dirigidas a Cristo: Jo 14.14; Lc 24.51,52; At 7.59; Jo 5.23; At 16.31; Hb 1.6; Fp 2.10,11; 2Pe 3.18; Hb 13.21; Is 45.22

    Conforme esses atributos que são dados a Cristo, nos é ensinado de forma clara a Sua Divindade, caso contrário seria uma blasfêmia atribuir a Ele, os atributos, caso não fosse Deus.

    4. O Espírito Santo é Deus

    “Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisse ao Espírito Santo... Não mentistes aos homens mas a Deus” (At 5.3,4) “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (1Co 2.11) “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Co 3.17) “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome (singular) do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19)

    O Espírito Santo é colocado ao mesmo pé de igualdade com o Filho e com o Pai e Ele têm os mesmos poderes e atributos.



  • SÃO PESSOAS DISTINTAS ENTRE SI

    1. Relacionamento Pessoal

    Nas relações pessoais que a Trindade têm entre si é evidenciado que são Pessoas diferentes. As suas designações Pai, Filho e Espírito Santo testificam isso:
    a) Usam mutuamente os pronomes Eu, Tu, Ele quando falam um do outro, ou entre si (Mt 17.5; Jo 17.1; 16.28; 16.13)
    b) O Pai ama o Filho, e o Filho ama o Pai. O Espírito Santo glorifica o Filho (Jo 3.35; 15.10; 16.14)
    c) O Filho ora ao Pai (Jo 17.5; 14.16)
    d) O Pai envia o Filho, e o Filho e o Pai enviam o Espírito Santo que atua como Seu Agente (Mt 10.40; Jo 17.18; 14,26; 16.7)

    Porquanto, pelo fato de usar pronomes Eu, Tu, entre Si é evidenciado que há um só Deus em Três Pessoas Distintas.

    2. São Apresentadas Separadamente

    Três Pessoas distintas são apresentadas em 2Sm 23.2,3; Is 48.16; 63.7-10. Igualmente, à vista do fato da criação ser atribuída a cada Pessoa da Divindade separadamente, como também a Eloim com as palavras “Também disse Deus (Eloim): Façamos o homem ‘a nossa’ imagem” (Gn 1.26).

    Temos forte convicção da mesma verdade no plural de Eclesiastes 12.1 que diz: “Lembra-te do(s) teu(s) criador(es) nos dias da tua mocidade”, e Is 54.5, que diz: “Porque o(s) teu(s) criador(es) é(são) teu marido”.



  • QUANTO AS OBRAS DE CADA UM

    É declarado que Cada Pessoa realiza as obras de Deus e assim todas a executaram. Nunca é mencionado as Três Pessoas realizando as obras juntas e sim como que se a outra não a tivesse realizado.
    1. A Criação do Universo
    Pai (Sl 102.25); Filho (Cl 1.16); Espírito Santo (Gn 1.2; Jó 26.13). Tudo se combina com Gn 1.1 (Deus – Eloim).

    2. A Criação do Homem
    Pai (Gn 2.7); Filho (Cl 1.16); Espírito Santo Jó 33.4). Resumindo tudo isso em Ec 12.1 e Is 54.5, onde Criador é plural no original.

    3. A Morte de Cristo
    Pai (Sl 22.15; Rm 8.32; Jo 3.16); Filho (Jo 10.18; Gl 2.20); Espírito Santo (Hb 9.14).
    4. Ressurreição
    Pai (At 2.24); Filho (Jo 10.18; 2.19); Espírito Santo (1Pe 3.18).
    5. Inspiração das Escrituras
    Pai (2Tm 3.16); Filho (1Pe 1.10,11); Espírito Santo (2Pe 1.21).

    III. A DOUTRINA DA TRINDADE NO VELHO TESTAMENTO

    O Velho Testamento logo no seu início insinua uma pluralidade na Divindade, demonstrando assim, claramente a Trindade (Gn 1.1,26; 3.22; 11.6,7; 20.13; 48.15; Is 6.8).



  • OS NOMES DE DEUS NO PLURAL

    Em Gênesis 1.1 vemos o nome Eloim. Este Nome é plural na forma, mas singular no significado. Os versículos seguintes demonstram isso (Gn 1.26,27; 3.22); indicando então uma Trindade.

    Há vários versos que Deus aparece falando consigo mesmo e com isso demonstrando conselho dentro da Trindade. Sabemos que Deus não se aconselha e nem pede conselhos (Gn 1.26,27; 3.22; 11.7; Is 6.8); indicando assim uma Trindade. Essa auto-conversa não pode ser atribuída aos anjos, pois eles não estavam associados com Deus na criação.



  • O ANJO DO SENHOR

    Esse se trata do Logos pré encarnado, Deus Filho, em manifestação angélica ou até mesmo humana.

    Algumas dessas manifestações se deram a: Hagar (Gn 16.7-14); Abraão (Gn 22.11-18); Jacó (Gn 31.11,13); Moisés (Ex 3.2-5); Israel (Ex 14.19; cf. 23.20; 32.34); Balaão (Nm 22.22-35); Gideão (Jz 6.11-23); Manoá (Jz 13.2-25); Davi (1Cr 21.15-17); Elias 1Rs 19.5-7); Ele feriu de morte 185.000 assírios em uma noite (2Rs 19.35); etc.

    Este Anjo foi adorado (Ex 3.5,6), se Ele não fosse Cristo, seria blasfêmia um anjo receber adoração que é devida só a Deus (Ap 22.8,9).

    Essas manifestações no Velho Testamento tinham por finalidade prever a hora em que finalmente Ele viria na carne. Apenas uma única exceção, em que o anjo não é o Logos se encontra em Ageu 1.13, onde o próprio Ageu é o “mensageiro” do Senhor.

    Outras provas bíblicas dessa afirmação são: Gn 17.2,17; 18.22 com 19.1; Js 5.13-15 com 6.2; Jz 13.8-21; Zc 1.11; 3.1; 13.7.



  • A BÊNÇÃO ARAÔNICA

    Esse exemplo de trisagia indica uma insinuação da Trindade (Nm 6.24-26).

    “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz”.

    Note que muito embora a passagem citada seja uma bênção, é um só o Deus que abençoa. Sabemos isso pela menção da verso seguinte: “Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.



  • LOGO NO INÍCIO

    Encontramos no primeiro versículo da Bíblia duas manifestações da Divindade que segue: “No princípio criou Deus... e o Espírito de Deus movia-se”. Portanto notamos que o Criador de todas as Coisas é Deus e o Espírito Santo move-Se sobre este mundo, com o propósito de nos conduzir, guiar e instruir no caminho que Ele deseja que andemos.

    A palavra usada Eloim, Deus em português, é o primeiro dos nomes da Divindade, é um substantivo plural na forma, mas singular no significado quando se refere ao verdadeiro Deus.

    IV. A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

    No Novo testamento a Trindade é perfeitamente identificada. Por isso ela pode ser facilmente formulada pelas passagens que se seguem:



  • NA FÓRMULA BATISMAL

    As instruções de Cristo de batizarem “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” declaram a Trindade (Mt 28.19).



  • NO BATISMO DE CRISTO

    As Três Pessoas da Divindade são evidenciadas distintamente em Seu Batismo (Mt 3.16,17).



  • NA BÊNÇÃO APOSTÓLICA

    As Três Pessoas são vistas (2Co 13.14).



  • O FILHO E O ESPÍRITO É DEUS

    Juntamente com o próprio Deus eles formam uma Unidade (Jo 6.27; 10.30; At 5.3,5).



  • PRINCIPAIS DECLARAÇÕES BÍBLICAS:

    1. Em João 1.1 encontramos uma das maiores provas de que Cristo é Deus. No original grego diz: “e Deus era a palavra”, declarando assim explicitamente que Cristo é Deus.

    2. Sabemos que Deus é o Criador das coisas, em Jo 1.3; Hb 1.2; Cl 1.16, vemos que Cristo é o Criador de todas as coisas.

    3. Tomé declara em relação a Cristo: “Senhor meu e Deus meu!” (At 20.28).

    4. UMA PROVA “ESPETACULAR”DA TRINDADE

    Observe a passagem clássica em Isaías 6.
    a) O Ser a Quem é dirigido a adoração é o “Senhor dos Exércitos”, o Pai.
    b) Mas em João 12.41 em manifesta referência a esta transação diz sobre a glória dele (de Cristo). Portanto, temos também o Filho, cuja glória nesta ocasião o profeta disse ter visto.
    c) Atos 28.25 determina que também havia a presença do Espírito Santo. As palavras deste versículo, Isaías declara que foram ditas na mesma ocasião pelo “Senhor dos Exércitos” (Is 6.9).

    Resumindo todas as circunstâncias de Isaías 6:

    O LUGAR: o santo lugar dos santos; a repetição da homenagem, TRÊS vezes, Santo, santo, santo; o ÚNICO Jeová dos Exércitos, a quem foi dirigida;
    O pronome plural usado por este ÚNICO Jeová, NÓS;
    A declaração do evangelista de que nesta ocasião Isaías viu a glória de CRISTO;
    A declaração de Paulo, que o Senhor dos Exércitos que falou nessa ocasião era o ESPÍRITO SANTO;
    E a conclusão não parecerá desprovida da mais poderosa autoridade, tanto circunstancial quanto declaratória, que a adoração, Santo, santo, santo, referia-se à Divina Trindade, na essência do Senhor dos Exércitos.

    De acordo com isso, em Apocalipse, “o cordeiro” está em associação com o Pai, sofre ou é objeto de igual homenagem e louvor dos santos e dos anjos. Esta cena em Isaías é transferida para o capítulo quatro (v.8), e as “criaturas viventes”, os serafins do profeta, são ouvidos na mesma melodia e com a mesma repetição trina, dizendo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”.

    5. Vejamos outra passagem: Gênesis 48.15,16

    Temos, nas palavras de Jacó, a menção de Três Pessoas distintas:
    a) “O Deus em cuja presença andaram meus pais” e
    b) “o Anjo que me tem livrado”.

    Temos aqui pelo menos duas Pessoas; mas, mais adiante, temos, o

    c) “Deus que me sustentou”.

    Este último, indubitavelmente distingue-se do Anjo e também do Deus diante do qual os seus pais andaram. Portanto, temos aqui Três Pessoas distintas, sob três nomes pessoais e realizando obras distintas. Cada um realizando obras distintas e recebendo adoração que só a Deus é devida.

    Os dois outros são realmente Pessoas Divinas, pois as Escrituras confirmam isso: Elas descrevem Deus Pai como o líder, o mestre, ou aquele diante do qual nossos pais andaram; e o Filho como o Goel, o Anjo que remiu; e Deus que é o Autor de toda iluminação, santificação e conforto, com o Espírito Santo que nos fornece alimento espiritual e nos alimenta com ele.

    Também outras passagens atribuem ser Cristo o Próprio Deus (Rm 9.5; Tt 2.13; Hb 1.8; 1Jo 5.20; 1Co 8.5,6; Ap 4.11).

    F. AS TRÊS PESSOAS RECEBEM OS MESMOS ATRIBUTOS:



  • Eternidade: Pai (Sl 90.12); Filho (Ap 1.8,17; Jo 1.2; Mq 5.2); Espírito Santo (Hb 9.14).


  • Poder infinito: Pai (1Pe 1.5); Filho (2Co 12.9); Espírito Santo (Rm 15.19).


  • Onisciência: Pai (Jr 17.10); Filho (Ap 2.23); Espírito Santo (1Co 2.11).


  • Onipresença: Pai (Jr 23.24); Filho (Mt 18.20); Espírito Santo (Sl 139.7).


  • Santidade: Pai (Ap 15.4); Filho (At 3.14); o Espírito é chamado de Espírito Santo, foi por isso que os anjos clamaram: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3).


  • Verdade: Pai (Jo 7.28); Filho (Ap 3.17); Espírito Santo (1Jo 5.6).


  • Benevolentes: Pai (Rm 2.4); Filho (Ef 5.25); Espírito Santo (Ne 9.20).


  • Comunhão: Pai (1Jo 1.3); Filho (idem); Espírito Santo (2Co 13.14).

    Tudo o que se diz de uma Pessoa é como que se as outras não existissem. O fato de que cada Pessoa possui todas as características divinas e de maneira tão completa que pareceria que nenhuma outra precisaria possuí-las, declara a distinção existente entre as Pessoas.

    Por outro lado, o fato de que elas todas manifestam estas características de maneira idêntica e na mesma medida, declara a Unidade da qual o seu modo de existência brota.